Quarta-feira, dia 11 de dezembro
Foto: Alexandre Bueno falou sobre mitigação de mudanças climáticas
No dia 11, o painel teve como tema central Mobilidade e energia limpa: um compromisso com o futuro. Na SME, os palestrantes debateram o impacto das tecnologias limpas na mobilidade e no transporte coletivo, desde ônibus elétricos até sistemas metroferroviários eficientes, integrados a fontes de energia renovável, com foco em Belo Horizonte.
Um ponto de partida para um futuro mais verde, acessível e inovador. Alexandre Bueno, coordenador da Comissão Técnica de Energia da SME deu boas-vindas aos palestrantes. Alexandre é engenheiro eletricista com especialização em Gestão de Negócios.
Pesquisador em energia elétrica, é professor convidado da FGV em Distribuição de Energia, especialista em geração distribuída e armazenamento de energia, Bueno disse que o Brasil poderá ser o país modelo para soluções de mitigação de mudanças climáticas baseadas na natureza. “Por suas características, como matriz elétrica limpa, baixa intensidade de carbono na indústria, segunda maior produção mundial de biocombustíveis, maior biodiversidade do planeta, ampla cobertura florestal e maior disponibilidade hídrica do mundo”, enumerou.
Nelson Fonseca Leite, diretor executivo do Conselho Mundial de Energia no Brasil e membro do Conselho Deliberativo da SME, destacou as Energias Renováveis e a sustentabilidade. Leite mostrou dados de emissões globais, indicando as principais fontes emissoras.
Em relação a transportes de forma geral (rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo) a eletrificação da frota poderá contribuir com 62% da redução de emissões até 2050. “Quando falamos de descarbonização e metas de net zero, dividimos as atividades em três grandes grupos que precisam fazer esforços intensos: o setor de energia elétrica, o setor de transporte e a indústria em geral. É interessante notar que não existe uma única solução para a descarbonização, mas um conjunto de soluções”, afirmou Leite.
Foto: Nelson Dantas foi moderador em painel sobre mobilidade
Na segunda parte, o painel teve como moderador Nelson Dantas, coordenador da Comissão Técnica de Transporte e Mobilidade da SME. Um dos destaques desse painel foi a presença de autoridades governamentais. O diretor de Planejamento Estratégico e Inovação da Superintendência de Mobilidade Urbana do Município de Belo Horizonte, Rafael Murta Resende, falou sobre os Desafios do Transporte Coletivo da Capital e a presença dos ônibus elétricos.
Murta apresentou os projetos de descarbonização do município de Belo Horizonte. O setor de transporte é hoje o principal emissor de BH, respondendo por 56% das emissões totais (PREGEE, 2020); A descarbonização é fundamental para a construção de uma cidade mais sustentável, justa e com melhor qualidade de vida para todos. Os projetos estão centrados em 5 pontos:
- Renovação da frota, os ônibus Euro VI são cerca de 80% menos poluentes do que a tecnologia anterior,
- Faixas/ pistas dedicadas garantem melhor regularidade, maior velocidade operacional e, portanto, redução da emissão de poluentes, existem projetos executivos para construção de mais 64 km de faixas exclusivas/ preferenciais;
- Mobilidade ativa, pelo PAC serão implantados nos próximos anos mais 67 km de ciclovias,
- Troncalização da Av. Amazonas que é o corredor de maior movimentação na cidade, são 400 ônibus por hora nos horários de pico, com expectativa é de redução para 180 ônibus por hora;
O secretário adjunto de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias do Governo de Minas Gerais, Pedro Calixto Alves de Lima, apresentou novidades sobre a Expansão do Metrô de BH para além das linhas 1 e 2. Desde maio de 2023, ele contribuindo para o planejamento estratégico e articulação de projetos como o Rodoanel, concessões rodoviárias, metrô e o aeroporto da Pampulha.
Com 17 anos de experiência no setor público, é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, tendo liderado iniciativas de transformação digital e tecnologia em secretarias estaduais. “Nesse contexto, o metrô é uma peça-chave quando falamos de mobilidade e sustentabilidade, não apenas por ser um meio de transporte sustentável com baixa emissão de carbono, mas também pelos efeitos que causa ao retirar veículos das ruas, como carros e motos. Queremos valorizar e trabalhar essa característica”, garantiu o gestor.
Ainda no dia 11 de dezembro, como conteúdo da I Semana de Engenharia da SME, especialistas aprofundaram o debate acerca da Segurança hídrica para o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O painel abordou ainda a complexidade e o grau de sofisticação da engenharia hídrica necessária para alimentar o sistema de abastecimento com qualidade e constância.
A coordenadora da Comissão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento da SME, Patrícia Boson, destacou a importância de debates técnicos e estratégicos para enfrentar os desafios da gestão hídrica na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Em tempos de mudanças climáticas e crescente demanda por recursos hídricos, Patrícia disse que é fundamental pensar em soluções inovadoras e sustentáveis. “É importante lembrar, ainda, que uma estrutura hídrica/hidráulica é instrumento que dá forma e sustentação, construído para alterar, acumular, interromper, medir, controlar, desviar ou conduzir o fluxo natural da água, em resposta à prevenção e à defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural, ou não. E vejam: recursos financeiros é que não faltam”, afirmou Patrícia.
A sequência do painel trouxe um debate consistente sobre Alternativas viáveis e urgentes para segurança hídrica, com presença confirmada de especialistas renomados. Renato Júnio Constâncio foi o moderador do painel. Engenheiro agrônomo, ele coordenador do Grupo Gestor de Vazão do Alto Rio das Velhas – CONVAZÃO/CBH Velhas, que teve um importante papel de articulação, na busca de uma maior garantia para o abastecimento da Região Metropolitana de BH. O grupo reúne representantes da Copasa, do IGAM.
Foto: Painelistas ao final do debate na SME
O economista Marcelo Miterhof, do BNDES, participou do debate e apresentou as Fontes de Financiamento Disponíveis para Investimentos em Sistemas de Abastecimento. Sua palestra destacou as oportunidades de captação de recursos para projetos que garantam a modernização e eficiência dos sistemas de abastecimento hídrico, tão essenciais para o desenvolvimento sustentável. “Foi assinado este ano um acordo entre o BNDES e a Caixa Econômica Federal, permitindo que o banco utilize recursos do FGTS para mobilidade urbana e saneamento. Inicialmente, são 12 bilhões de reais, com a possibilidade de aumentar para cerca de 18 bilhões, dependendo da necessidade”, disse Miterhof.
Para 2024, o orçamento do FGTS inclui 95 bilhões de reais para habitação, 6 bilhões para mobilidade e 6 bilhões para saneamento. No entanto, durante a reprogramação orçamentária, a maioria dos recursos de saneamento e mobilidade são redirecionados para habitação, já que a Caixa atua predominantemente nesse setor. Grandes projetos habitacionais também exigem transporte e saneamento, daí a importância do BNDES acessar esses recursos.