Oito entre dez brasileiros percebem impacto da engenharia no cotidiano

Pesquisa realizada com 312 engenheiros e engenheiras em 46 municípios do país identificou o sentimento dos profissionais quanto à carreira e como a sociedade percebe o impacto da engenharia no cotidiano. A pesquisa foi realizada pelo instituto Paraná a pedido da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Os critérios da pesquisa foram elaborados com apoio da presidente da SME, Virgínia Campos, e do vice-presidente administrativo financeiro da entidade, Flávio Fontes. Os dois integram grupo de trabalho da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC), que trata da valorização da engenharia. “O levantamento de dados nos permite traçar um plano de ação. Temos convênios com instituições importantes e com elas definiremos estratégias de atuação, com campanhas e mobilizações em defesa da boa engenharia. A sociedade mantém bom nível de confiança nos profissionais, inclusive superando outras carreiras”, explica Ilso José de Oliveira, vice-presidente da COIC.


Foto: Ilso José de Oliveira – vice-presidente da COIC/CBIC

A pesquisa teve foco em três públicos: sociedade em geral, profissionais de diferentes modalidades e estudantes do ensino médio.

É boa a percepção da população sobre a presença da engenharia. 81% dos que responderam à pesquisa afirmaram perceber algum impacto dessa área do conhecimento em seu cotidiano; 12,8% da população indicaram que nunca perceberam algum impacto da engenharia em seu cotidiano. As áreas de maior percepção são infraestrutura (60,7%), engenharia civil (14,4%), seguida pela área de tecnologia e meio ambiente (11,4%).

De acordo com a pesquisa, 81,4% dos profissionais de engenharia consultados consideram ter pouca ou moderada visibilidade e reconhecimento; 11,2% acreditam que não são visíveis e nem reconhecidos; e apenas 7,4% acreditam que os profissionais têm muita visibilidade e reconhecimento.

A pesquisa ouviu também sobre a formação acadêmica e a atuação profissional e constatou que, embora 89,6% dos engenheiros que exercem alguma atividade remunerada estão trabalhando na área, cerca de 6,4% estão pensando em mudar de carreira. Entre os motivos apontados estão remuneração e salários baixos, pouco reconhecimento profissional, pouca demanda por trabalho.

Estratégia

Para enfrentar esse quadro, a pesquisa recomenda a realização de campanhas de conscientização e divulgação sobre a importância e diversidade das áreas de atuação dos engenheiros para o público em geral, realização de eventos e feiras para mostrar projetos e inovações desenvolvidos por engenheiros, destacando seu impacto na sociedade, incentivar a participação ativa dos engenheiros em associações profissionais, grupos de networking e fóruns de discussão para compartilhar conhecimentos e experiências, entre outras sugestões.

Após a conclusão do curso de engenharia, os profissionais identificaram como desafios ao entrar no mercado de trabalho: salários mais baixos do que o esperado (37,2%), requisitos relacionados à experiência para as vagas de trabalho (34,9%), falta de apoio profissional (26,9%), encontrar oportunidades de trabalho relevantes (26,3%), requisitos técnicos para as vagas de trabalho (14,7%) e desigualdade de gênero (1,9%).

Para melhorar a transição para o mercado de trabalho, a pesquisa recomenda a realização de programas de mentoria para oferecer apoio profissional e orientação; acesso a oportunidades de estágio e programas de trainee para adquirir experiência prática, participação em workshops e cursos de capacitação para desenvolver habilidades técnicas e interpessoais, expandir contatos profissionais e identificar oportunidades de emprego, advocacia por igualdade de gênero e inclusão no ambiente de trabalho para combater a desigualdade de gênero.

Debate nacional

Os novos desafios da engenharia do amanhã estarão em pauta no 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção, em São Paulo. Profissionais de renome irão analisar os resultados da pesquisa e os desafios da profissão. Ilso será mediador do painel que contará com a participação de Nair Quintanilha, CEO do Grupo Paraná Pesquisas, Vinícius Marchese, presidente do Confea, Luiz Roberto Cury, presidente do Conselho Nacional de Educação e José Carlos Martins, presidente do Conselho Consultivo da CBIC.

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