SME quer engenharia forte e engajamento para transição energética

A Sociedade Mineira de Engenheiros avança para a criação do Centro de Referência para as Engenharias de Baixo Carbono. O processo evolui com a estruturação de um comitê gestor, composto pela SME e empresas e instituições convidadas que cuidarão do planejamento da estratégia e das atividades do centro. A articulação está alinhada a um contexto favorável, no campo político e econômico. O Brasil chegará à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) com esforços concretos à redução de emissão de carbono, redução do desmatamento e governança para ser considerado protagonista e referência no setor. O evento será realizado em 2025, em Belém (PA).

Pela SME, os trabalhos à constituição do centro estarão sob responsabilidade do engenheiro químico e de materiais Renato Ciminelli, com pleno apoio da presidente e dos vice-presidentes da entidade. Associado da SME, Ciminelli possui assento no Conselho de Engenheiros para Transição Energética (CEET), um grupo de 50 engenheiros globais de assessoramento ao Secretário Geral da ONU.

O mineiro acompanha as tendências mundiais para a redução de emissões de CO2. E acredita que a SME pode contribuir para criar capilaridade e mobilização em Minas e no Brasil, já que há um grande interesse mundial pelo Brasil nesse tema, em especial pela Amazônia. “Precisamos juntos frear mudanças climáticas e os impactos decorrentes, como elevação das temperaturas e dos oceanos. É preciso fortalecer as competências e conhecimentos, além de difundir melhores práticas que contemplem os desafios da transição energética”, reforça o consultor da ONU.

 

Foto: Renato Ciminelli – Membro do Conselho de Engenheiros para Transição Energética (CEET)

Para Ciminelli, o desafio é o chamado net zero. Essa é a meta estipulada pelo Acordo de Paris para que o mundo chegue em 2050 com emissão zero de gases do efeito estufa. O debate é relevante, mas é preciso executar ações efetivas. Mas como isso será feito? “Com engenharia forte. E que dê sustentação a esse desafio de larga escala, com redução significativa das emissões”, alerta. A SME entende que a iniciativa privada terá protagonismo neste caminho, porque as empresas têm o pragmatismo das soluções. O setor acadêmico também é um aliado fundamental. “Nossa disposição com o Centro de Referência é promover essa articulação, através de reuniões, agendas de trabalho, documentos que serão produzidos. Com isso, iremos amplificar esse conhecimento da engenharia para a economia de baixo carbono”, explica.

Engenharia amigável

Para além dessa posição notável na ONU, Ciminelli tem larga experiência profissional em projetos institucionais de longa duração, acordos e parcerias em contratos internacionais, ações executivas com os setores empresarial e governamental. “Tenho dito na ONU: a Engenharia precisa ser amigável. As Nações Unidas têm provido ferramentas para promover a descarbonização em combustíveis utilizados para aquecer alimentos em países pobres. Para que a mudança seja efetiva, é preciso mobilizar o interesse da sociedade. Essa ambição precisa de adesão e engajamento para termos avanços reais às mudanças climáticas. Isso envolve o futuro de novas gerações”, alerta.

A realidade da chamada economia de baixo carbono se concretizará por meio de soluções tecnológicas para novas infraestruturas e retrofits dos atuais ativos. Especialistas apontam ainda para o desenvolvimento de novos materiais para acelerar a transição energética, avanços nos conceitos e práticas da economia circular e, igualmente relevante, a formação e atualização da preparação dos atuais e dos novos profissionais das engenharias.

A presidente da SME, engenheira civil Virgínia Campos, reforça que o Centro de Referência para as Engenharias de Baixo Carbono é um projeto ambicioso, com metas bem definidas. Irá demandar formação de parcerias com organizações e empresas nacionais e internacionais. Buscará ainda promover relações institucionais a fim de contribuir para pautas regulatórias, visando maior competitividade, abertura de mercados e desenvolvimento de novos negócios. “Temos como foco demandas da infraestrutura com baixas emissões, novos requisitos frente aos eventos climáticos extremos, critérios e parâmetros para a economia circular, além de soluções de engenharia baseadas na natureza, por exemplo”, destacou

Linhas de ação

As linhas de ação da entidade também estão demarcadas. Entre elas, a redefinição do plano de uso dos espaços no edifício-sede da SME para operar como suporte ao Centro de Referência. A diretoria também avança à modernização do Estatuto Social, adequando-o às dinâmicas da evolução da entidade e as necessidades de uma governança ágil e eficaz. Esse processo estabelece rotinas em requisitos de ESG, para assegurar as bases dos acordos e parcerias institucionais, cobrindo temas como transparência, integridade, ética e compliance, além da agilidade e segurança dos processos de acompanhamento, controle e decisão.

Esses esforços permitirão dar concretude, celeridade e escala às soluções e contribuições da engenharia aos compromissos de redução de emissões e metas compatíveis com os acordos do clima; fomentar a inserção da engenharia na economia de baixo carbono, criando oportunidades de novos negócios e o desenvolvimento de uma base tecnológica que assegure a proeminência do país e de Minas Gerais como polo de tecnologias de baixo impacto. “Com isso, a SME quer propiciar aos profissionais da engenharia a adequada inserção nas oportunidades da nova economia, contribuindo com sua formação e atualização tecnológica. Vamos fomentar a competitividade e capacitação das empresas e de suas equipes”, assegura a presidente Virgínia.

Foto: Virgínia Campos e a missão da SME

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