
Alice Silva de Castilho levou no peito a Medalha SME Maura Menin e trouxe no coração todos aqueles que a conduziram a mais esse reconhecimento. Em seu discurso, que fechou a cerimônia de outorga, no dia 22 de agosto, agradeceu a SME e lembrou comovida da família, dos colegas de curso, de trabalho e de muitos que acompanharam sua jornada hidrológica, que começou em Pirapora, às margens do rio São Francisco. “Meu pai era engenheiro civil e sanitarista da Fundação SESP. Morando em Pirapora, eu via a água turva do rio se transformar em água potável ao passar pela ETA, a navegação e o vapor Benjamim Guimarães, o ciclo de cheia e seca e a formação das praias e muitos peixes”, iniciou ela.
Citou ainda suas passagens por Diamantina, na Serra do Espinhaço, e Lagoa da Prata. Lembrou do ingresso na Escola da Engenharia da UFMG, onde encontrou muitos amigos com quem convive há quase 40 anos. “Fui da segunda turma de Hidrologia do professor Cicarelli. Formamos em tempos difíceis, em março de 1992, diante de uma crise econômica. Alguns de meus colegas deixaram a engenharia, mas brilham em outras áreas”.
Alice lembrou ainda de passagens no setor público, na iniciativa privada, em consultorias e ressaltou estar a cinco anos à frente da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM). “Depois de 50 anos, comandada pela primeira vez por uma engenheira hidróloga, antes foram apenas geólogos”. A diretoria atua em águas superficiais, águas subterrâneas, prevenção de desastres, gestão territorial e recuperação ambiental. “Busco sempre ampliar minha interação com os colegas do SGB e outros órgãos que atuam em áreas correlatas”, explicou

Após 33 anos de formada, a engenheira compartilhou com o público na SME como vê os desafios na área de recursos hídricos. Ela espera a manutenção do monitoramento hidrológico, a modernização de obtenção de dados, telemétricos e por sensoriamento remoto, a avaliação da disponibilidade hídrica, em especial a subterrânea, e o aumento da demanda por água, especialmente irrigação e geração de energia hidroelétrica.
Para a especialista, ainda é importante pensar no gerenciamento integrado dos recursos hídricos, avaliar os impactos das mudanças climáticas no dimensionamento das estruturas e prevenção de desastres geo hidrológicos, além de mensurar o ordenamento territorial, pensar na recuperação da qualidade da água dos cursos d’água e gestão ambiental de áreas degradadas e ainda na privatização do saneamento.
Alice Castilho encerrou suas palavras gentis citando Cris Pizzimenti, pedagoga e poeta que narra as costuras que o mundo faz. “Nós somos feitos de retalhos. E é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. Obrigada a vocês, que fazem parte da minha vida e me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos. E que eles possam ser parte das suas histórias”.

Fotos: Fábio Batista