A corrida pela descarbonização e a redução da emissão gerada pelos combustíveis fósseis é uma tendência mundial. Essa mobilização é impulsionada pelos eventos catastróficos, resultado de mudanças climáticas. Líderes mundiais buscam soluções para reverter os impactos gerados, e tornar o planeta mais saudável para as futuras gerações.
No dia 13 de novembro a CEO do Conselho Mundial de Energia (World Energy Council), Angela Wilkison, virá ao Rio de Janeiro para selar o retorno do Brasil ao Conselho, com a fundação do comitê local. O grupo completa 100 anos em 2023, com mais de 3 mil profissionais e entidades de mais de 90 países que lidam com transição energética. O Brasil deixou de ser membro em 2019.
Com a certificação, a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) será associada a essa representação e terá acesso a documentos importantes, como o Radar da Transição Energética. “O radar destaca as iniciativas desenvolvidas no mundo e aponta tendências e ações desenvolvidas nos países para a transição energética. Há ainda uma ferramenta que aponta às principais inovações para a área no mundo e um relatório que avalia os setores de energia dos países membros”, explica engenheiro eletricista e nuclear Nelson Leite, diretor executivo no Brasil do Conselho Mundial de Energia.
O Brasil é bem avaliado no quesito Sustentabilidade Ambiental, tem conceito A também em Segurança Energética, mas precisa evoluir na questão da Equidade, que tratada da acessibilidade ao bem. Ou seja, o preço da luz que chega ao consumidor. “Nossa missão é promover os benefícios da produção e utilização sustentável de energia para todos. Hoje, isto significa garantir mais energia e um acesso mais amplo a serviços e soluções energéticas acessíveis e resilientes às alterações climáticas para o desenvolvimento de todos, em todo lugar,” disse Angela Wilkinson na cerimônia de adesão da Boeing, a primeira empresa aeroespacial a fazer parceria com o Conselho Mundial de Energia para impulsionar transições energéticas sustentáveis.
Centro de Referência
O engenheiro químico e de materiais Renato Ciminelli comemora o retorno do país ao Conselho Mundial de Energia. Para ele, o mundo vive um período de urgências, com a transição energética, as mudanças climáticas e a necessidade de adoção de avanços aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU. “Precisamos estimular o engajamento mundial a um novo empreendedorismo: o das transições. É uma nova economia, com grandes oportunidades de negócios. Mas, para a era das urgências, será preciso uma mudança cultural, com geração e disseminação de conhecimento sobre o tema. E a engenharia tem papel determinante nesse processo”, alerta Ciminelli, que possui assento no Conselho de Engenheiros para Transição Energética (CEET), um grupo de 50 engenheiros globais de assessoramento ao Secretário Geral da ONU.
Associado da SME, Ciminelli lidera na entidade a frente de criação do Centro de Referência para as Engenharias de Baixo Carbono. O processo evolui com a estruturação de um comitê gestor, composto pela SME e empresas e instituições convidadas que cuidarão do planejamento da estratégia e das atividades do centro. Para ele, a articulação permitirá que Minas e os profissionais se insiram nesta agenda de interesse global. “Queremos promover uma série de conexões nacionais e internacionais para fomentar parcerias e projetos colaborativos. Há uma mudança de paradigma em curso e os engenheiros são reconhecidos como construtores de soluções para o futuro. É uma grande oportunidade, e um desafio”, diz.
Para Ciminelli, o mundo deve mirar o chamado net zero. Essa é a meta estipulada pelo Acordo de Paris para que o mundo chegue em 2050 com emissão zero de gases do efeito estufa. O tempo é curto e o Brasil precisa avançar com a agenda. O país irá sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). O evento será realizado em 2025, em Belém (PA). Para isso, precisa concentrar esforços concretos à redução de emissão de carbono e do desmatamento, além governança e liderança para dar exemplos ao mundo de que faz o dever de casa.