Ana Liddy Magalhães, da UFMG
Encontro Regional Abenge de Educação em Engenharia (ERENGE) – Região Sudeste foi um espaço importante para debates e atualizações sobre as principais questões que envolvem o ensino da engenharia no Brasil. Uma desta, sem dúvida é a extensão universitária, que pautou os debates na tarde do dia 24 de junho. Ana Liddy Magalhães, presidente do Conselho de Coordenadores de Cursos da Escola de Engenharia da UFMG, falou sobre A Experiência da EE-UFMG na realização de reformas curriculares nos cursos de graduação visando implementar a Formação em Extensão Universitária.
A docente abriu a palestra com números da tradicional escola, de 113 anos. Um complexo com mais de 65.000 m2, mais de 300 professores, 5.250 Estudantes de Graduação, 1.250 Estudantes de Pós-Graduação e mais de 7.800 Engenheiros formados entre os anos de 2013 e 2025.
O Trabalho articulado pelo Conselho de Coordenadores de Cursos da EE, com uma premissa: ao construir a identidade de cada curso, é necessário estar alinhado à identidade da instituição que o acolhe. Há objetivos claros, como padronizar atividades acadêmicas (códigos, ementas, carga horária), processos entre os diversos cursos (tratamento similar a estudantes e situações), modularizar documentação e facilitar o trabalho de reforma curricular e de PPCs.
O conceito da Formação em Extensão Universitária também está bem alinhado, garante Ana Liddy: integrar práticas de extensão nos Projetos Pedagógicos dos Cursos, assimilando-a como elemento chave no processo de formação profissional e de produção do conhecimento. “E desta forma, possibilitar que a Extensão permeie os cursos de graduação de forma mais completa e integrada. Fazer com que os currículos adotem metodologias participativas, plurais e interdisciplinares em suas práticas”, reforçou na palestra.
Para isso, é preciso estabelecer uma conexão com as comunidades, para escutar e assimilar demandas que podem ser submetidas à reflexão teórica, desenvolvidas, ampliadas e aperfeiçoadas. A professora levou à SME exemplos dessa abordagem. Alguns com bons resultados, como o Curso Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial (Cipmoi), o projeto de extensão mais antigo da Escola de Engenharia da UFMG, fundado em 1957, por alunos de graduação.
O objetivo dele é aproximar a comunidade externa e capacitar, de forma gratuita, os trabalhadores das áreas de construção civil, elétrica e mecânica para o mercado de trabalho, isso é feito através da associação do conhecimento técnico e teórico oferecido pela universidade (por meio dos alunos da graduação), ao conhecimento prático adquirido ao longo da vida pelos trabalhadores e alunos do CIPMOI, além disso, o projeto promove discussões sociopolíticas e seus reflexos no cotidiano.
Há outras experiências exitosas como o SELEX, projeto de extensão interdisciplinar desenvolvido pela Escola de Engenharia da UFMG em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte. Ele reúne universitários e jovens que estão cumprindo alguma medida socioeducativa em oficinas de variados temas, entre eles: eletrotécnica, arte, música e comunicação.
A apresentação, ao final levou uma importante reflexão ao público. “A própria Universidade Pública, enquanto parte da sociedade, também deve sofrer impacto, ser transformada.”
Lauro Freitas, da PUC Minas
PUC Minas
Lauro Freitas, Diretor do Instituto Politécnico PUC Minas, também dedicou sua palestra ao tema com a abordagem A Extensão na Engenharia e sua Implementação nos Currículos dos Cursos. O decente apresentou resoluções e que compõe o marco regulatório para extensão, como o Parecer 5575, de 2023, que prevê, entre itens, que as atividades de extensão ocuparão um espaço de formação entre 10% e 12% do total da carga horária curricular dos cursos de graduação, as quais poderão ser organizadas a partir da matriz curricular e serem definidas no Projeto Pedagógico do Curso.
Freitas ressaltou documento e diretrizes da PUC Minas. No primeiro semestre de 2025, a prática curricular de extensão abarcou 25 turmas com 22 professores envolvidos e 681 alunos realizando atividade extensionista. “A extensão é compreendida como “processo educativo interdisciplinar, cultural, científico, tecnológico e político destinado a promover a interação transformadora da universidade com outros setores da sociedade, em permanente articulação com o ensino e a pesquisa”, reforçou o docente na apresentação.
Mulheres na Engenharia
O Projeto de Extensão “Mulheres na Engenharia” da PUC Minas visa promover a participação e o protagonismo feminino na área da engenharia, combatendo estereótipos e incentivando a igualdade de gênero. O projeto realiza diversas atividades, como encontros, palestras e workshops, buscando conectar gerações de engenheiras e construir um futuro mais igualitário na área.
O projeto promove encontros, como o II Encontro Mulheres na Engenharia, realizado em maio deste ano. Com o tema “Engenheiras do Amanhã: conectando gerações e construindo futuros”, a agenda discutiu a importância da participação feminina na área e busca criar um espaço de diálogo e troca de experiências.
Ao final, Freitas destacou uma agenda importante que será realizada no segundo semestre em Belo Horizonte. A Conferência Internacional Metodologias Ativas para um Mundo Mais Inclusivo e Equitativo ocorrerá entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro.
O evento, com apoio institucional da Abenge, terá uma estrutura baseada na ideia de conservação e transformação. Por um lado, adotará formas tradicionais de congressos, como apresentações orais e conferências de grandes referências internacionais no campo. Por outro, trará inovações nos modos de estruturar as interações, as trocas e as aprendizagens entre os participantes, de modo coerente com os objetivos das metodologias ativas de aprendizagem.
Lauro Freitas integra o comitê científico da Conferência. Saiba mais em https://pbl2025.panpbl.org/#pbl