Maeli Estrela Borges: “A vida foi sempre muito generosa comigo”


Maeli Estrela Borges com a Medalha Maura Menin 2024

“Não posso me lastimar, a vida foi sempre muito generosa comigo”, assim Maeli Estrela Borges abriu seu discurso de agradecimento na noite em que recebeu a Medalha Maura Menin 2024. No dia 22 de agosto, o Centro Tecnológico e Cultural SME-CBMM estava lotado de amigos, familiares e ex-colegas da engenheira, arquiteta e urbanista que nasceu em Ipameri (GO) e construiu sólida carreira em Belo Horizonte. “Meus pais, muito avançados para a época, permitiram que os seis filhos saíssem cedo de casa, do interior de Goiás, para buscar em cidades maiores uma melhor formação acadêmica e boas condições de trabalho”, lembrou.

Como não havia faculdade de arquitetura em Goiânia, a família indicou a capital mineira como destino acadêmico. Ela veio só para Belo Horizonte e se dedicou com afinco aos estudos. A formação em Arquitetura veio em 1967. Um ano depois alcançou o diploma de Urbanismo. E, por fim, concluiu o curso de Engenharia Sanitária, em 1970.  As três na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A qualificação profissional abriu as portas para o mercado. Logo recebeu um convite para ingressar no Departamento de Engenharia Sanitária da prefeitura de Belo Horizonte. Maeli levou para o executivo municipal todo o conhecimento adquirido como bacharel e depois como professora. Participou, como analista, do Primeiro Plano Diretor de Limpeza Urbana de Belo Horizonte, que deu origem à criação da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). “Na SLU, quebrei o tabu que limpeza urbana era atividade só para homem, fui admitida com matrícula nº 002 no cargo de engenheira assistente do superintendente, abrindo caminho para outras mulheres”, recordou.


Maeli Estrela Borges, Virgínia Campos e Fabiana Fischer na SME

Maeli também destacou em seu pronunciamento o tempo de docência em importantes faculdades de MG e lembrou de sua presença em associações e entidades de classe, como a SME, onde mantém vínculo desde 1966. A homenageada citou a poetisa e contista goiana Cora Coralina para dizer de sua jornada de tantas conquistas. “Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” E completou: “Por onde passei fiz muitas amizades, uma das razões de estar aqui hoje.”

Maeli também recebeu um buque de flores e um cartão assinado pelos filhos Lavínia, Leonardo e Lílian e pelos genros, nora e netos.


Após o discurso, a plateia aplaudiu de pé a homenageada

Reconhecimento

 A indicação ao prêmio foi proposta Marita Arêas Tavares, que não pode comparecer ao evento. O engenheiro civil Bernardo Abraão Lopes leu o discurso da Chanceler da Medalha. O texto destacou uma série de realizações e compromissos de Maeli pela qualidade da engenharia. “Nossa homenageada teve participação ativa em congressos, seminários e comissões em defesa das melhores práticas nas áreas de saneamento e tratamento de resíduos. O Prêmio Maura Menin é um reconhecimento da SME por uma vida de dedicação e entrega à profissão e ao bem estar social”, disse Abrão Lopes.

Fabiana Fischer Teixeira de Souza Herani também exaltou em seu discurso o valor de Maeli Estrela Borges. Neta da Maura Menin, a superintendente de ESG da Alfa disse que o pioneirismo da agraciada lembrou os engenheiros da família, em especial a avó Maura. “É emocionante encontrar tantos amigos do meu pai, Sergio Menin, entusiasta da profissão e um dos idealizadores da Medalha. Fico honrada em representar o nome de minha família neste evento tão especial”, disse Fabiana.


Maeli recebeu o carinho de muitos amigos e ex-colegas

Mulheres STEM

 Esta foi a quarta edição do Prêmio Maura Menin, instituído em 2021 para dar visibilidade à atuação de mulheres no exercício das profissões ligadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática.  A honraria coloca a SME na Agenda 2030 da ONU, em particular no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável que incentiva ações para que meninas e mulheres recebam os mesmos incentivos e oportunidades educacionais, profissionais e de participação social.

Segundo a ONU, as mulheres representam apenas 35% dos estudantes matriculados em STEM nas universidades. STEM é a sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática. O porcentual é ainda menor nas engenharias de produção, civil e industrial e, em tecnologia, apenas 28% do total.

A presidente da SME abriu seu pronunciamento ressaltando a necessidade de avanços na área de atuação de Maeli. Virgínia Campos lembrou que mais de 1.500 cidades brasileiras ainda depositam resíduos em lixões a céu aberto, apesar do fim do prazo para que os municípios com menos de 50 mil habitantes deem disposição adequada aos rejeitos dos resíduos sólidos. Essa é uma determinação da Lei 14.206, de 2020, que altera o Marco Legal do Saneamento Básico. “Maeli foi precursora em muitas frentes quando a engenharia era um território dominado por homens. E deu contribuições efetivas para melhorar a vida das pessoas”, disse.

De acordo com Virgínia, jornada vitoriosa de Maeli representa um estímulo para despertar entre as jovens o desejo de transformar a realidade delas e da sociedade. “Como vimos, as mulheres são protagonistas de mudanças, com visão de futuro e compromisso coletivo”, apontou a anfitriã da cerimônia.


A medalhista no palco com diretores da SME

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