
A SME entregou no dia 22 de agosto a Medalha Maura Menin à engenheira e hidróloga Alice Silva de Castilho. O evento na sede da entidade em Belo Horizonte reuniu associados, colegas e familiares da homenageada, pesquisadora e diretora do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia. O prêmio foi instituído em 2021 com o propósito de reconhecer trajetórias femininas inspiradoras nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), com especial destaque para Minas Gerais.
O nome de Alice Silva de Castilho foi indicado pela Comissão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento da SME. O prêmio reconhece o protagonismo feminino nas engenharias, colocando-nos de forma ativa na Agenda 2030 da ONU, especialmente no objetivo 5, que busca alcançar a igualdade de gênero e aumentar o uso de tecnologias para promover o empoderamento de mulheres e meninas. “A meta está clara, o avanço não”, disse a presidente da SME Virgínia Campos, na abertura de seu discurso.
Virgínia justificou a provocação logo em seguida. Embora as mulheres representem 51% da população brasileira e 65% dos estudantes universitários, elas representam apenas 25% das matrículas em cursos de engenharia, tecnologia e matemática. “Estamos dedicadas ao conhecimento, mas não onde o país mais precisa. Faltam estímulos, referências femininas. E, mesmo quando avançamos, não nos permitem ambientes seguros, respeitosos e encorajadores. Isso precisa mudar”, afirmou.
Uma pesquisa recente do Confea alerta para um desafio urgente: a falta de mão de obra especializada nas áreas tecnológicas — justamente aquelas que sustentam setores essenciais como infraestrutura, energia e inovação.
Em sua defesa a uma plateia atenta, Virgínia destacou à necessidade de políticas públicas consistentes, programas educacionais estruturados, incentivo nas escolas, oportunidades reais no mercado de trabalho e o compromisso das instituições em abrir caminhos concretos para essa transformação. “A Medalha Maura Menin é mais do que uma homenagem: é um instrumento pedagógico e transformador. Ao dar visibilidade a mulheres que lideram e inovam, mostramos às meninas que elas também podem estar nesses espaços, conduzindo soluções que impactam vidas e constroem um futuro melhor”, ressaltou.

Luta por direitos
Virgínia foi didática também em seu pronunciamento e apresentou no telão uma sequência de fatos históricos que marcaram a luta pelos direitos das mulheres, especialmente nos campos educacional, profissional e político. Se deteve, em especial, entre o nascimento de Maura Menin, em 1920, e o de Alice Castilho, em 1970. “O Brasil e mundo viveram meio século de avanços significativos que abriram caminho para que mais mulheres ocupassem espaços estratégicos como a engenharia, embora a plena igualdade ainda seja um desafio”.
A presidente da SME citou, como exemplo, o Estatuto da Mulher Casada, de 1962, que eliminava a exigência, até então, de autorização do marido para que a esposa pudesse trabalhar, estudar ou abrir conta bancária. “Uma regra absurda que foi revogada há pouco mais de 60 anos, percebem”, questionou Virgínia.
A anfitriã lembrou que mulheres na engenharia representam mais inovação, diversidade de ideias, responsabilidade social e maior capacidade de construir um futuro justo, inclusivo e resiliente. Para ela, despertar desde cedo o interesse das meninas pelas ciências é uma estratégia poderosa de desenvolvimento sustentável, justiça social e inteligência coletiva. “Hoje celebramos a trajetória de Alice Silva, que valoriza o legado de Maura Menin Teixeira de Souza: o cuidado técnico e rigoroso na organização de dados e informações preciosas sobre nossos cursos d’água”, disse, ao lembrar a função exercida por Maura no antigo DNPM.
“Que esta noite inspire muitas jovens a reconhecerem seu lugar: presentes e altivas, como Maura e Alice, na linha de frente das soluções que o mundo precisa”, encerrou Virgínia, sob aplausos.

Engenharia e arte
A cerimônia de entrega da Medalha SME Maura Menin teve trilha sonora. O músico João Vianna apresentou parte do seu reportório no trompete. Ele lidera o Música na Árvore – Solar, um projeto cultural inovador que promove eventos musicais sustentáveis, utilizando energia solar para alimentar todo o sistema de som e iluminação. Assim, integra cultura e sustentabilidade, criando experiências que ajudam a conscientizar o público sobre a importância da energia renovável.
Utilizando uma matriz energética fotovoltaica, o projeto promove eventos musicais com baixa emissão de poluentes, destacando-se por seu compromisso ambiental. Em reconhecimento a sua contribuição para a transição energética, Música na Árvore foi premiado pelo Instituto Mineiro de Engenharia e Tecnologia ( IMET) em 2022. Conheça o projeto https://www.instagram.com/musicanaarvoresolar/
Fotos: Fábio Batista