Minas e o Brasil pedem Socorro: Engenharia Já


Foto: Patrícia Boson é membro do Conselho Diretivo da Sociedade Mineira de Engenheiros

Ricardo Pigatto, empresário gaúcho com larga experiência no setor elétrico, em recente artigo publicado na revista especializada (revistamodal.com.br), em que aborda questões afetas às barragens das hidrelétricas, especificamente a capacidade dessas gigantes estruturas de enfrentamento às chuvas excepcionais, como as ocorridas no Rio Grande do Sul, apresenta uma conclusão que nos parece irrefutável: “é preciso exaltar o estado da arte da engenharia nacional”.

Desde que assumiu a Presidência da Sociedade Mineira dos Engenheiros, SME, a Engenheira Virgínia Campos e sua equipe de dirigentes vêm se empenhando na luta para o fortalecimento da nossa engenharia. Não é uma luta de bandeira classista, que vise unicamente o benefício profissional, trata-se, em verdade, de um manifesto de alerta.

Um grito de socorro do Brasil. Interpretando frase do grande economista André Lara Resende, o País se afunda na ditadura da falta de engenho nas soluções, e, por outro lado, é fértil na criação de dificuldades burocráticas, como uma pedra amarrada na cintura.  Um grito de socorro de Minas, que em recente estudo sobre o ranking na competitividade no País, cai mais um ponto; hoje, dentre as 26 unidades da Federação, está em 7º lugar, apesar de ser a 3ª economia.

É preciso resgatar a nossa engenharia, como já apontamos, com a criação de uma carreira pública sólida e independe. Essa iniciativa evitará que órgãos gestores e formuladores de políticas públicas, com base nas engenharias, sejam, hoje triste realidade, compostos e dirigidos por leigos, acadêmica e experimentalmente, no tema. A engenharia, em seu lugar de fala e ação, é capaz de criar cenário promissor para o engenho de soluções, contribuindo objetivamente para soerguer um Estado forte, garantidor de instituições que viabilizam o crescimento sustentável e produtividade da sociedade.

É preciso ouvir mais a engenharia nacional, que não raro, individualmente ou por meio das respectivas entidades, tais como a SME, faz coro ao grito de socorro. Não obstante desprestigiadas, ofertam ao público opiniões balizadas, tecnicamente consistentes, com lastro em muito estudo, muito conhecimento especializado e muita prática, mas que parecem se perder ao vento ou acabar nas tantas gavetas da fértil burocracia.

A SME se apresentou várias vezes como entidade com disposição e capacidade de apoio para construção de políticas públicas sólidas. Citamos as duas mais recentes demonstrações de apoio: a primeira, na agenda do Saneamento, especificamente no que tange à previsão de recursos advindos do acordo judicial de reparação das comunidades atingidas pelo rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, envolvendo 26 municípios, cujo propósito é a despoluição na bacia do Rio Paraopeba.

A SME, como o apoio do BDMG, realizou um rico seminário, com participação de renomados especialistas, no qual ficou claramente demonstrada a necessidade de uma ação transformadora. O recado, oficialmente dado, e encaminhado aos principais agentes do acordo, foi claro: evitar fazer mais do mesmo; engenhar soluções com a aplicação de novos modelos para os investimentos em saneamento. Nesse contexto, nossa proposta é no sentido de que seja elaborado um plano que contenha diretrizes gerais, capaz de orientar os planos municipais, integrando metas e resultados, aí se incluindo a adoção de indicadores de desempenho mais alinhados aos objetivos de saneamento propostos.

A segunda, na agenda de obras paralisadas.  Em recente evento, o Construa Minas, a SME, por meio de nossa presidente, entregou ofício ao Governador Zema, no qual coloca os associados, engenheiros e engenheiras do mais elevado conhecimento, à disposição para prestar todo o suporte técnico ao Estado,  em atendimento aos requisitos técnicos e a administrativos exigíveis na Lei 14.719, para que possa acessar os recursos financeiros disponíveis para a retomada das obras; e, desenvolver e implementar um Pacto Estadual em articulação com o desenvolvimento de um Pacto Nacional Complementar para as Obras Inacabadas.

Minas pede socorro, o Brasil pede socorro! Ouçam a engenharia nacional! Engenharia Já!

Artigo publicado no jornal O Tempo no dia 27 de agosto de 2024

 

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