Valorização da engenharia passa por indicadores da qualidade e escuta


Foto: Ilso José de Oliveira apresentou a pesquisa em evento no Paraná

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), liberou para a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) e para o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas) a íntegra da Pesquisa de valorização da engenharia, realizada pela Paraná Pesquisas.  O conteúdo foi solicitado à Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) da Câmara pelos presidentes das entidades mineiras, Virgínia Campos e Marcus Gervásio.

O acesso ao documento foi autorizado pelo Vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC. Ilso José de Oliveira afirmou que disseminação da pesquisa pode fornecer dados relevantes para os profissionais e instituições envolvidos. “Reiteramos nosso apoio ao interesse das entidades no tema, importante à promoção de discussões sobre estratégias de fortalecimento da engenharia”, reforçou.

A SME mantém há anos parceria institucional com a CBIC. Em 2020, Virgínia Campos participou da abertura do 92º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC). Em seu pronunciamento, a presidente destacou como imprescindível a necessidade de se manter ativos os canais de escuta e de interação com a sociedade. Percepção que mantém até hoje. “Acredito que que a valorização da engenharia no Brasil passa pela discussão de indicadores da qualidade do que chamamos de servir à sociedade”, diz.


Foto
: Virgínia Campos integra o GT Valorização da Engenharia da CBIC

Para Virgínia, a engenharia prepara o futuro, aproxima as comunidades e os ambientes, utilizando como ferramentas o conhecimento e inovação. “Nesse sentido, de proximidade com a sociedade, ouvindo e realizando seus anseios, temos significativo impacto positivo de inclusão. Os profissionais promovem melhorias, que muito além de uteis, fortalecem o sentimento de pertencimento e de identidade das pessoas e suas comunidades e regiões”, assinala a presidente da SME. 

A pesquisa

De acordo com o levantamento, realizado em dezembro de 2023, grande parte dos profissionais de engenharia considera haver pouco reconhecimento e visibilidade de seu trabalho. 312 engenheiros e engenheiras em 46 municípios do país foram ouvidos. A pesquisa identificou a percepção dos profissionais quanto à carreira e apontou sugestões para a mudança desse cenário.

De acordo com os dados, 81,4% dos profissionais de engenharia consultados consideram que eles têm pouca ou moderada visibilidade e reconhecimento; 11,2% acreditam que não são visíveis e nem reconhecidos; e apenas 7,4% acreditam que os profissionais têm muita visibilidade e reconhecimento.

Para enfrentar esse quadro, a pesquisa recomenda a realização de campanhas de conscientização e divulgação sobre a importância e diversidade das áreas de atuação dos engenheiros para o público em geral, realização de eventos e feiras para mostrar projetos e inovações desenvolvidos por engenheiros, destacando seu impacto na sociedade, incentivar a participação ativa dos engenheiros em associações profissionais, grupos de networking e fóruns de discussão para compartilhar conhecimentos e experiências, entre outras sugestões. 


Foto: Engenheiros em obra – Crédito: Freepik
 

Quando a pesquisa amplia o universo e considera a população brasileira, em uma amostra de 1.316 pessoas consultadas em 86 municípios brasileiros, a percepção é mais favorável: 68,1% acreditam que os profissionais da engenharia têm pouca ou uma moderada visibilidade e reconhecimento; 16,8% acreditam que eles têm muita visibilidade e reconhecimento; e 11,6% consideram que os profissionais não são visíveis nem reconhecidos.

O levantamento aponta que 81% dos que responderam à pesquisa afirmaram perceber algum impacto da engenharia em seu cotidiano; 12,8% da população indicaram que nunca perceberam algum impacto da engenharia em seu cotidiano. As áreas de maior percepção são infraestrutura (60,7%), engenharia civil (14,4%), seguida pela área de tecnologia e meio ambiente (11,4%).


Foto: Engenheiros em obra interna – Crédito: Freepik

Trabalho na área 

A pesquisa ouviu também sobre a formação acadêmica e a atuação profissional e constatou que, embora 89,6% dos engenheiros que exercem alguma atividade remunerada estão trabalhando na área, cerca de 6,4% estão pensando em mudar de carreira. Entre os motivos apontados estão remuneração e salários baixos, pouco reconhecimento profissional, pouca demanda por trabalho. Segundo a pesquisa, 1,3% não trabalha com engenharia nem em atividades relacionadas a ela, apontando como motivos a preferência por trabalhar em outra área ou outro ramo, a escolha de outros cursos, e a falta de oportunidade de emprego.

Após a conclusão do curso de engenharia, os profissionais identificaram como desafios ao entrar no mercado de trabalho: salários mais baixos do que o esperado (37,2%), requisitos relacionados à experiência para as vagas de trabalho (34,9%), falta de apoio profissional (26,9%), encontrar oportunidades de trabalho relevantes (26,3%), requisitos técnicos para as vagas de trabalho (14,7%) e desigualdade de gênero (1,9%).

Para melhorar a transição para o mercado de trabalho, a pesquisa recomenda a realização de programas de mentoria para oferecer apoio profissional e orientação. Orienta ainda à atenção a oportunidades de estágio e programas de trainee para melhor experiência prática. O estudo destaca também à necessidade de participações em workshops e cursos de capacitação para que o profissional desenvolva habilidades técnicas e interpessoais, expanda contatos profissionais e identifique oportunidades de emprego, além de atenção à temas relacionados a igualdade de gênero e inclusão no ambiente de trabalho.

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