Foto: Aloísio Vasconcelos, ex-presidente da SME, ex-presidente da Eletrobras e ex-diretor da Cemig.
A engenharia sempre foi valorizada no Brasil. Há muitas razões para isso: a qualidade da formação profissional, o entendimento coletivo por tantas contribuições ao desenvolvimento e, claro, o respeito às normas legais.
Houve alguma dificuldade, pequena, no passado. Isso ocorreu entre as décadas de 1980 e 1990. Tivemos um registro que ganhou repercussão pela inclusão inadequada de um profissional que assumiu atribuições de engenheiro na área de obras da prefeitura de Belo Horizonte. E outro caso semelhante na Metrobel, órgão então ligado ao governo do estado.
Nas duas oportunidades, as entidades ligadas à defesa da boa engenharia se manifestaram contra a permanência dos indicados. Na época, a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), o Crea-MG e o Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG) se uniram e, de uma forma elegante e madura, pediram e alcançaram a reversão das situações.
Nos últimos tempos, por pressões políticas ou por liberalidade dos governantes, a sociedade tem sido surpreendida por nomeações e indicações de pessoas que não têm habilitação profissional para cargos inerentes à engenharia.
Tivemos dois casos de grande repercussão. O mais recente, em nível nacional, trata da nomeação de um advogado para a diretoria de engenharia da Eletrobras. Inaceitável. Como também é a nomeação de um médico ortopedista para o cargo de diretor de projetos especiais da Cemig.
Essas designações ferem aspectos legais relacionados ao exercício profissional da engenharia. E merecem nossa manifestação pública.
Levanto a questão de forma respeitosa. Assim como meus pares. E devemos fazer, para que ninguém amanhã possa dizer que as entidades são coniventes com o processo.
A Sociedade Mineira de Engenheiros nunca foi, não é e não será.
Para além desse questionamento, que manifestei de antemão à presidente Virgínia Campos, penso que as entidades devam ampliar o debate em fóruns internos e em reuniões com autoridades governamentais. A ideia é reforçar, entre nós e àqueles que autorizam, o entendimento de que esse não é o procedimento adequado.
Posso ser contestado, é da natureza democrática. Mas falo como engenheiro com mais de 40 anos de experiência, como militante da engenharia e alguém que esteve em cargos relevantes na administração pública.
Acredito no bom senso e torço para que prevaleça o interesse da sociedade.
Aloísio Vasconcelos
Engenheiro mecânico e eletricista
Ex-presidente da SME, ex-presidente da Eletrobras e ex-diretor da Cemig.