Foto: Reunião de empresários associados à ADELEX
A criação de um grupo de trabalho para discutir avanços à cadeia produtiva repercutiu bem entre as empresas que atuam no setor. Associação dos Lojistas do Comércio, Recuperação, Reciclagem, Ferros velhos e Recolhimento de peças automotivas de Minas Gerais (ADLEX), que representa A ADLEX reúne 280 micros e pequenas empresas formalmente registradas no estado comemora a decisão do governo de Minas. A entidade mantém, desde 2018, parceria com o Centro Internacional de Reciclagem de Automóveis (CIRA), do (CEFET-MG), para qualificar empresas à melhorias no processo de reaproveitamento de matéria-prima.
Para presidente da entidade Marco Antônio Silva o GT permitirá maior compartilhamento de informações entre as partes envolvidas, o que trará ganhos efetivos para todos. “Todos queremos processos mais eficientes, com vantagens econômicas e ganhos ambientais. A sociedade também será beneficiada com melhor aproveitamento da matéria-prima. Vamos participar ativamente do GT”, garante Silva. O nome ADLEX é oriundo do latim e significa junto à lei.
Foto: Pátio da CNR em Lavras (MG)
A CNR Automotiva, estabelecida em Lavras, no sul de Minas Gerais, reforça a lista de empresas que apoiam o fortalecimento do setor. A companhia atua na preparação de material reciclável a partir de veículos em final de vida (ELV) e conta com infraestrutura para receber matéria-prima da região, tudo de acordo com a legislação vigente.
O proprietário Renato Oliveira diz que as empresas oferecem soluções para o descarte adequado, visando o fechamento do ciclo de vida destes veículos e seguindo a política dos 3R’s, reduzindo, reutilizando e reciclando os componentes dos veículos. Para ele, o GT é um avanço importante. “Atuamos para uma processo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. Hoje, conseguimos alcançar o aproveitamento de 75% do veículo. E miramos o padrão da Suécia, de 97%. Queremos que Minas lidere essa escalada pelo fortalecimento da economia circular”, projeta Oliveira.
Legislação vigente
Governador Romeu Zema sancionou, em março de 2020, a Lei 23.592. Ela cria o Programa de Reciclagem de Resíduos Veiculares – PPRV com base na articulação com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A regulamentação contribui para que veículos obsoletos com mais de 20 anos ou abandonados sejam objeto de reciclagem atendendo a demanda por matéria-prima, uma restrição do setor. E incentiva o desmonte legal, criando um processo de controle do manejo dos resíduos sólidos pelos fabricantes para tratamento ou reaproveitamento do veículo automotor.
A SME apoia a iniciativa por entender que ela reforça que a atividade legal e pode contribuir para aumentar a renovação das frotas circulantes de veículos. Para Wilson Leal, o modelo permite a criação de um maior número de empresas dedicadas à coleta, distribuição e reciclagem de materiais provenientes dos veículos reciclados. Condição que dá maior dinâmica a um setor importante da economia do país. Para ele, é necessário criar um ambiente de negócios mais favorável em MG. “Atualmente, a empresa que opera nesse ramo de desmonte é onerada pelo pagamento do ICMS Substituição Tributária logo na entrada das peças em seu estoque, e não tem garantia que irá comercializá-las”, explica Leal, propondo isonomia fiscal nesse item.
Economia de baixo carbono
A mobilização da SME está alinhada à criação do Centro de Referência para as Engenharias de Baixo Carbono. O processo evolui com a estruturação de um comitê gestor, composto pela entidade, empresas e instituições convidadas que cuidarão do planejamento da estratégia e das atividades do centro. Pela SME, os trabalhos à constituição do centro estarão sob responsabilidade do engenheiro químico e de materiais Renato Ciminelli. Associado da SME, Ciminelli possui assento no Conselho de Engenheiros para Transição Energética (CEET), um grupo de 50 engenheiros globais de assessoramento ao Secretário Geral da ONU.
De acordo com Wilson Leal, a entidade busca sempre reconhecer a contribuição de profissionais da engenharia à melhoria de processos e produtos. “A SME mostra protagonismo ao reunir stakeholders da cadeia produtiva do desmonte de veículos. O governo de MG vê grandes potencialidades nessa frente sustentável. O ano de 2024 é promissor”, confia.
Se o Brasil reciclasse 2 milhões de veículos por ano, o que corresponde à taxa média de países desenvolvidos, seria possível gerar 2,15 milhões de créditos de carbono ao ano. A estimativa considera somente as vantagens relacionadas à reciclagem do aço dos veículos.