Cláudio de Moura Castro e Stéfano Angioletti no seminário
Quem acompanhou o seminário Minas Alma Mineral, realizado no dia 5 de outubro na sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), em Belo Horizonte, se surpreendeu ao ver o economista Cláudio de Moura Castro com uma clava na mão. Pesquisador em Educação e doutor em Economia pela Universidade Vanderbilt (EUA), ele se valeu de ferramentas pré-históricas para explicar como a criatividade contribui para a evolução da humanidade. “O homem é fruto de sua tecnologia, sem isso não haveria o tempo que vivemos”, disse ele durante a palestra, transmitida também pela internet.
Segundo Moura e Castro, o domínio do metal promoveu ao longo do tempo a multiplicação de ferramentas, que permitiram pequenas revoluções. “Uma maneira de medir o progresso é a complexidade e o domínio da tecnologia”, ressaltou. Formado na UFMG, Cláudio de Moura Castro assina textos do livro “Alma Mineral – Coleções Mineiras”, do fotógrafo Marcílio Gazzinelli.
O fotógrafo Marcílio Gazzinelli e geólogo Paulo Amorim
A publicação, de 272 páginas, conta com o prefácio do geólogo Paulo Roberto Amorim e apresenta de forma pioneira 250 pedras de coleções particulares e acervos de museus brasileiros. “Produzimos esse livro através da lei Rouanet e fizemos um esforço criativo para dar ao leitor a possibilidade de ver os minerais em um giro de 360° sobre o seu eixo. Isso é possível através de QR code, acionado pela câmera do celular”, explicou Gazinelli.
O evento permitiu ao público uma grande jornada pelo mundo mineral. Desde as primeiras descobertas nas cavernas à necessidade da transição energética, a partir do uso de minerais como nióbio e lítio. Profissionais de diferentes áreas do conhecimento abordaram nuances dessa atividade, seus processos e impactos. “Tratamos do valor histórico da mineração desde as primeiras escavações, como princípio de sobrevivência, até a essência da transição energética, das fontes de baixo carbono, dependente de novos minerais. Esse é nosso propósito, promover debates que envolvam a engenharia e o desenvolvimento”, disse a presidente da SME Virgínia Campos.
O engenheiro químico Renato Costa, diretor da Lithium Ionic, apresentou dados da exploração mineral no estado e a contribuição de economia de baixo carbono. “O Brasil detém 3% de toda a reserva de lítio do mundo. Estamos na quarta posição, atrás da Austrália, Chile e China. Nosso potencial é de 2 milhões de toneladas. É um cenário promissor: 40 mil toneladas/ano atendem uma produção de meio século para a indústria”, explicou Costa.
Engenheiro químico Renato Costa, diretor da Lithium Ionic
Potência econômica
Minas Gerais responde por cerca de um terço de toda a produção mineral do país, por 40% da produção de minerais metálicos e por aproximadamente 50% de todo o ouro produzido no Brasil. Também é o maior produtor do país de zinco, ouro, fosfato, grafita, lítio e calcário, além de ser responsável pela extração de 75% de todo o nióbio do mundo. O estado é responsável por cerca de 38% em valor das exportações nacionais do ramo. Em 2022, o volume de vendas de Minas Gerais para o exterior ultrapassou US$ 12,4 bilhões. Os principais compradores são a China (68,1%) e o Bahrein (10,7%).
A extração mineral aporta recursos para os municípios. No ano passado, Minas respondeu por cerca de 45% dos valores provenientes da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) nacional. Foram cerca de R$ 3,12 bilhões, repassado a 539 municípios. Questões ambientais e econômicas, como o esgotamento de minas históricas, e urgência da renovação da matriz energética impõem, no entanto, um novo olhar sobre a atividade.
Pedro Sena, Superintendente de Política Minerária da SEDE
Projeções divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), apontam que a indústria da mineração deverá investir cerca de US$ 11,52 bilhões até 2026 em Minas Gerais. “Queremos nortear a alocação dos investimentos em diretrizes baseadas no ESG, na extração de minerais e metais de maneira mais limpa e sustentável e que permitam a redução da emissão de carbono e a reciclagem de produtos”, disse Pedro Sena, Superintendente de Política Minerária, Energética e Logística, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (SEDE).
O Museu das Metais e do Metal, da Gerdau, contribui para preservar e gerar conhecimento sobre essa riqueza natural. O espaço abriga importante patrimônio geológico do país, com cerca de 4 mil amostras minerais, além de duas coleções particulares. O museu alcançou a expressiva marca de 1,5 milhão de visitantes em 13 anos. De acordo com Márcia Guimarães, diretora-executiva do MM Gerdau, há um esforço diário para instigar e valorizar a riqueza mineral a partir de mostras e interatividade. “Além das nossas exposições, também oferecemos atividades educativas e culturais que, aliadas ao nosso acervo e associadas à tecnologia, transformam os conteúdos técnicos em temas lúdicos, populares, acessíveis e totalmente gratuitos”, disse Márcia no evento
Presidente da SME Virgínia Campos e Márcia Guimarães, do MM Gerdau