Soluções para BH passam por gestão participativa

O Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Belo Horizonte (Codese-BH) tem como missão promover o desenvolvimento da cidade, com foco na construção de um planejamento de fu­turo alinhado à Agenda 2030 da ONU e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A colaboração do Codese-BH não significa atuar em todos os problemas da cidade. Essa é a função dos gestores públicos. Em vez disso, o con­selho, por meio de seus membros, elege prioridades e identifica as principais dores da cidade.

A partir desse diagnóstico, os esforços são direcionados para as áreas onde é possível fazer a maior diferença, complementan­do e potencializando as ações do poder público e das entidades que compõem o conselho. Esta abordagem assegura que ações sejam focadas, eficazes e alin­hadas com as necessidades reais da população de Belo Horizonte.

O assessor para projetos especiais da SME, Wilson Leal, deu contribuições importantes à construção do documento lançado no dia 10, no Minas Tênis Clube. “A ideia de gestão participativa é apresentar ao gestor eleito planos de ação que reflitam os anseios da população para uma cidade melhor. O Codese faz isso sinalizando à possibilidade de garantir apoio efetivo a algumas propostas, para que o governo as execute com mais energia. E, claro, coerência com o desejo dos contribuintes”, explica o engenheiro eletrônico, com larga experiência em gestão e inovação.

Leal reforça que a agenda elaborada por cinco Grupos de Trabalho (GT’s) é composta por objetivos, indicadores e metas. E foi desenvolvida para abordar algumas das principais demandas apresentadas pela sociedade civil organizada. Seu propósito é colaborar com o governo municipal, fornecendo diretrizes alinhadas com interesse local e com o pacto global dos ODS. Nessa matéria iremos apresentar um item para cada eixo.

 
Foto: Crédito Freepik

 GT-1 EIXO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

De acordo com o documento, o cenário econômico de Belo Horizonte é marcado pela burocracia excessiva, falta de incentivos atrativos e um processo regulatório complexo, que dificultam o desenvolvimento de novos negócios e afastam possíveis investidores. Além disso, a cidade enfrenta uma queda na capacidade de atrair investimentos estrangeiros dire­tos (IED), o que compromete a geração de empregos e o fortalecimento de setores estratégicos da economia local.

Belo Horizonte pode avançar em agendas do desenvolvimento urbano sustentável promovendo a revitalização de áreas es­tratégicas e tornando a cidade mais inclusiva e sustentável. O ODS 11 é diretamente ligado à criação de infraestru­tura e revitalização urbana. O GT propõe como ação e meta a revitalização de áreas estratégicas como o Hipercentro, Pampulha e centralidades, “centros de bairros” e regiões localizadas em grandes avenidas de transporte coletivo ou em vias importantes.

São locais onde mora ou circula muita gente e onde tem ou é importante que tenha comércios e serviços, áreas de lazer e equipamentos públicos. “Muitas vezes as cidades enfrentam problemas antigos, que se mantém sem solução. As metas estão alinhadas a objetivos bem claros, que miram a evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal”, ressalta Wilson Leal.

O IDH é uma medida que avalia o desenvolvimento de cidades, estados e regiões, com base em três dimensões: educação, longevidade e renda. “Esse é um farol importante para o documento: elegemos causas que despertam o interesse dos moradores de BH e que podem ser revolvidos com a gestão participativa. A valorização do hipercentro e a recuperação da Lagoa da Pampulha, são exemplos desse conceito”.


Foto: Crédito Freepik

 GT-2 EIXO PLANEJAMENTO URBANO 

O eixo de Planejamento Urbano, especialmente voltado para a Mobilidade Urbana, foi identificado pelos membros do Codese-BH como uma das principais demandas de Belo Horizonte. A complexidade e os desafios relacionados à mobilidade na cidade e na Região Metropolitana representam um obstáculo para o desenvolvimento sustentável, a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos.

Atualmente, Belo Horizonte enfrenta problemas crônicos no setor de mobilidade urbana, como o tempo elevado de deslocamento, a ineficiência do transporte público, a baixa integração entre os diferentes modais de transporte e a conexão deficiente com os municípios da Região Metropolitana. Além disso, questões como a falta de infraestrutura adequada para o transporte não motorizado, a poluição e os congestionamentos diários agravam a situação. “Esses problemas não só afetam a competitividade da cidade, como também impõem limitações ao desenvolvimento econômico e social, impactando negativamente o bem-estar dos moradores”, aponta o documento.

A incorporação de tecnologias de baixa emissão de carbono no transporte público e privado, como a eletrificação da frota e a criação de infraestrutura para veículos elétricos, contribui diretamente para o ODS 7, que busca aumentar a eficiência energética e promover o uso de energias renováveis. Uma das metas apontadas pelo GT2 é garantir que 50% da frota de transporte público seja movida a fontes de energia de baixo carbono até 2030.


Foto: Crédito Freepik

GT-3 EIXO DESENVOLVIMENTO SOCIAL

 De acordo com o estudo do Codese, Belo Horizonte tem testemunhado um crescimento alarmante da população em situação de rua nos últimos anos. Fatores como a vulnerabilidade socioeconômica, o desemprego, as crises habitacionais e o aumento das desigualdades têm empurrado milhares de pessoas para as ruas, expondo uma fragilidade social que exige respostas urgentes e coordenadas. Atualmente, a cidade lida com uma realidade na qual cerca de 9 mil pessoas vivem sem acesso a moradia, muitas delas sem perspectivas de reintegração social ou oportunidades dignas de vida.

O GT3 aponta à necessidade de capacitação e reinserção profissional para a população em situação de rua. Essa recomendação está alinhada ao ODS 8, que busca gerar trabalho decente e crescimento econômico.  O GT3 tem como metas aumentar a taxa de empregabilidade da população em situação de rua de 10%, dados de 2023, para 70% até 2030. Propõe ainda inserir 2.500 pessoas em situação de rua no mercado de trabalho até 2030.


Foto: Crédito Freepik

 GT-4 EIXO EDUCAÇÃO

 Para o Codese, o sistema educacional da capital dos mineiros enfrenta desafios que refletem as desigualdades so­ciais e a falta de investimentos consistentes na educação básica. Apesar de avanços em alguns indicadores, como a expansão de vagas na educação infantil e a crescente presença de tecnologia nas salas de aula, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as crianças e jovens tenham acesso a uma educação de qualidade, inclusiva e que prepare os alunos para o futuro.

O GT4 apontou sua análise ao ODS 9, que trata da indústria, inovação e infraestrutura. Para os analistas, é determinante construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. A adesão a esses propósitos passa por melhorias na infraestrutura tecnológica nas escolas, com laboratórios de inovação e programas voltados para STEAM – Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. “Também é preciso fomentar a in­ovação desde a educação básica”, destaca o estudo.

 
Foto: Crédito Freepik

GT-5 EIXO INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

A expansão do transporte coletivo, a melhoria da conectividade digital e a necessidade de regulamentações modernas são questões centrais que afetam diretamente o desenvolvimento dos ecossistemas de inovação. O GT 5 alerta que “embora a cidade tenha avançado em áreas como saúde, tecnologia da informação e economia criativa, ainda é preciso aprimorar a articulação entre atores-chave para maximizar o impacto de iniciativas inovadoras”.

O fortalecimento dos ecossistemas de inovação de Belo Horizonte contribui para a criação de cidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis, alinhado ao ODS 11. A proposta de inovação urbana, que inclui a ampliação da infraestrutura tecnológica e da conectividade, busca melhorar a mobilidade urbana e criar ambi­entes mais inteligentes e sustentáveis.

Para o GT5 é preciso reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive no que diz respeito à qualidade do ar e ao gerenciamento de resíduos urbanos. Além disso, é essencial para a cidade apoiar vínculos econômicos, sociais e ambientais positivos entre áreas urbanas e rurais, fortalecendo o planejamento e o desenvolvimento regional integrado.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *