Marcello Nitz, reitor do Instituto Mauá de Tecnologia
Encontro Regional Abenge de Educação em Engenharia – Região Sudeste reuniu na SME coordenadores de curso, docentes e líderes engajados em amplificar experiência exitosas na educação superior. Entre os temas em debate, currículos acadêmicos, formação docente e metodologias de ensino e aprendizagem. Há uma preocupação sobre a evasão nas faculdades de Engenharia. E, nesse caminho, há soluções que podem ser replicadas.
Marcello Nitz, reitor do Instituto Mauá de Tecnologia, de São Caetano do Sul (SP), apresentou a palestra Desafios para a Atração e Formação em Engenharia. Mestre em Engenharia de Alimentos e doutor em Engenharia Química, ele abriu a apresentação citando tecnologias emergentes que estão transformando o conhecimento científico: Computação Quântica, cálculos exponencialmente mais rápidos para problemas específicos, a Automação e Robótica, sistemas inteligentes e adaptativos para tarefas complexas.
O reitor lembrou ainda da Inteligência Artificial, que remodela a engenharia através da automação e análise preditiva, a Nanotecnologia, a manipulação de matéria em nanoescala para propriedades inovadoras, e a Manufatura Aditiva, construção de peças camada por camada a partir de modelos digitais.
De acordo com Nitz, a relação entre desenvolvimento tecnológico e transformações sociais representa um dos debates mais fundamentais da engenharia contemporânea. Para ele, as necessidades, valores e estruturas sociais direcionam o desenvolvimento tecnológico. Já as inovações tecnológicas transformam comportamentos, instituições e relações humanas. Compreender esta dinâmica e essencial para engenheiros que buscam criar soluções com impacto positivo. “Quando percebemos a complexidade dos desafios do desenvolvimento sustentável, percebemos que precisamos repensar a formação dos engenheiros.
Diante desse cenário, não seria este um bom momento para repensar os currículos e aumentar a atratividade para a carreira de engenharia? Para o reitor, a engenharia do futuro é uma jornada em transformação. “A engenharia do futuro não é apenas sobre dominar novas tecnologias, mas sobre criar pontes entre diferentes áreas do conhecimento e desenvolver soluções que atendam as necessidades reais da sociedade. O verdadeiro progresso tecnológico é aquele que coloca a humanidade no centro de suas preocupações”.
Fernando Akira, da Universidade de São Paulo (USP)
Escola Politécnica
Fernando Akira, presidente da comissão de graduação Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP), e Antônio Seabra, presidente da comissão do ciclo básico da instituição, falaram sobre Aprendizagem ativa e as competências na formação da engenharia. A Poli tem mais de um século de história, formando gerações de engenheiros que têm se destacado não só em suas especialidades profissionais, mas também na vida política do País e na administração de empresas e de órgãos públicos.
Fundada em 1893, é referência nacional e considerada a mais completa faculdade de Engenharia da América Latina. Os professores apresentaram dados sobre os cursos da escola, com ingresso de 871 alunos por ano.
Hoje, a concepção dos novos cursos é centrada nos alunos. A coordenação passa a ser voltada as disciplinas em paralelo. O conceito pedagógico permite o alinhamento com outras disciplinas do curso específico ao longo do semestre. E há flexibilidade para comportar ajustes curso a curso. Outro destaque apresentado pelos gestores é a Educação por Competências.
Antônio Seabra, da Universidade de São Paulo (USP)
O modelo torna o aluno o centro da aprendizagem e responsável por sua aprendizagem. E relaciona o currículo com as expectativas de vida e profissionais. “Cria uma comunidade de professores com objetivos e expectativas comuns para o desenvolvimento dos alunos. E isso promove o desenvolvimento do corpo docente sobre a eficácia do ensino, fortalecendo uma estrutura geral coesa para o design e desenvolvimento de disciplinas e cursos”, explicou Seabra.
Para avanços, a Escola Politécnica trabalha com projetos pilotos, que têm como premissa a racionalização do esforço total realizado pelos alunos durante a semana. No Piloto Elétrica estimou-se uma dedicação total de 40h semanais (em média) em atividades relacionadas ao curso. “Neste esforço total inclui-se aulas teóricas, atividades práticas, estudos direcionados e independentes, exercícios, trabalhos, projetos, incluindo também 10% de atividades relacionadas à extensão. Assim, todas as atividades realizadas pelo aluno devem estar contidas neste esforço total”, exemplificou Akira.
O modelo de integração de Mecatrônica teve boa acolhida. Os líderes das comissões da Poli da USP apresentaram na palestra pesquisas e o depoimento de alunos, satisfeitos com processo de aprendizagem. “Com relação às provas integradoras, senti que elas foram desafiadoras e me fizeram compreender o que era um problema real de engenharia para ser resolvido, me levando a criar estratégias e aplicá-las enquanto estava fazendo a prova”, disse o aluno Vinicius Carvalho
A colega de curso Bruna Vanderlei também reconheceu avanços, em especial às provas integradoras. Considerei-as muito bem-feitas e coerentes com o nosso estudo, elas se mostraram desafiadoras, mas um olhar mais atento era o suficiente para achar o caminho a se seguir, com as ferramentas que aprendemos durante o semestre”, disse.