Carta de Gramado defende P&D e valorização das engenharias
Foto 1 SOEA em Gramado
O estímulo à pesquisa científica e a inovação são pilares para o avanço das Engenharias, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia. Os investimentos em P&D devem ser incentivados, tanto em âmbito acadêmico quanto na indústria. Assim, é fundamental que parcerias entre instituições de pesquisa, empresas e governo sejam estabelecidas para promover a transferência de conhecimento e a aplicação prática dos avanços científicos para o setor produtivo. Essa é uma das ações previstas na Carta de Gramado, resultado de políticas e iniciativas debatidas na 78ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia, realizada entre 8 e 11 de agosto na Serra Gaúcha. A carta foi redigida pelo Colégio de Entidades Nacionais (CDEN).
O coordenador do CDEN, engenheiro agrônomo Kleber Santos explica que o “documento passou pela avaliação de todas as organizações com representação na Comissão Organizadora da 78ª SOEA”. O CDEN é um fórum consultivo do Confea constituído pelas entidades nacionais representativas das profissões jurisdicionadas pelo Sistema Confea/Crea e credenciadas junto ao Conselho Federal.
A carta destaca ainda a necessidade de promoção de políticas públicas adequadas: o Estado deve desempenhar um papel fundamental na valorização dessas áreas, criando ações que incentivem o desenvolvimento e a aplicação das Engenharias, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia. Isso inclui a criação de programas de financiamento para projetos de pesquisa e inovação, estabelecimento de normas de sustentabilidade e proteção ambiental, e incentivos fiscais para empresas que adotem práticas sustentáveis.
A carta defende ainda que a valorização passa pelo investimento na formação de profissionais nessas áreas. Isso significa fornecer os recursos adequados para escolas e universidades, promovendo programas de bolsas de estudo e incentivando o ensino de disciplinas relacionadas às Engenharias, à Agronomia, à Geologia, à Geografia e à Meteorologia, principalmente nos níveis mais básicos da educação.
Outro ponto é o reconhecimento e a valorização dos profissionais dessas áreas, em função do seu papel essencial na sociedade. Des acordo com o documento, isso passa pela remuneração justa, por condições de trabalho adequadas, por oportunidades de desenvolvimento profissional com equidade de gênero e, principalmente, respaldo público por suas contribuições
Nobel da Paz e o solo
A 78ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia reuniu 5625 participantes, entre profissionais, estudantes, pesquisadores, engenheiros, agrônomos e demais especialistas das geociências, que assistiram cerca de 160 palestras, divididas em 78 painéis. O evento contou com a presença do paquistanês Rattan Lal, Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação em 2020. O indiano ensinou sobre agricultura e sustentabilidade para o planeta, apontando novos conceitos e a importância do tema para o mundo.
Ele explicou que o foco das pesquisas de engenharia deve ser a gestão e a saúde do solo, “que é uma entidade viva e por muito tempo teve sua saúde ignorada. Pensando nisso, o futuro da agricultura no mundo não será mais baseado na quantidade, mas na qualidade dos alimentos produzidos”, disse.
Rattan Lal destacou que 25% da biodiversidade do planeta está ali. “O solo e a vida evoluíram em conjunto, não existe vida sem solo e solo sem vida. Ele ele é o único lugar que tem o poder divino de ressurgir a vida, por isso, a saúde do solo é a parte mais importante nas ações pelo futuro do mundo”, reforçou.
A 79ª edição da SOEA será realizada em Salvador, de 7 a 10 de outubro de 2024, ano em que a capital baiana completa 475 anos.
Anexo da Carta de Gramado: https://drive.google.com/file/d/1WHIo43fsMJO5CSljLvg13eZtvzUC9L_d/view?usp=sharing